Comunidades Terapêuticas: uma invenção institucional para o tratamento da toxicomania
Marcelo Soares Cotta
Ilka Franco Ferrari
Revista aSEPHallus de Orientação Lacaniana
Núcleo de Pesquisa sobre
o Moderno e o Contemporâneo
A distinção entre psicanálise pura e aplicada perdeu muito de sua força no discurso psicanalítico lacaniano atual. Porquê? Penso que o desejo de alcançar as camadas da população mais desfavorecidas, faz parte do esforço coletivo para construir uma sociedade menos desigual. Um outro forte motivo é o surgimento de uma ampla gama de sintomas, efeitos do discurso relativista pós-moderno e dos imperativos de gozo difundidos pela lei do mercado, que não se manifestam como sintomas individuais. Sou um toxicômano, um compulsivo sexual, um deprimido, um bipolar, um ansioso, me faz um membro de uma comunidade sintomática e não um sujeito do inconsciente afetado de um sintoma cujo sentido é singular. Saiba mais ->
Marcelo Soares Cotta
Ilka Franco Ferrari
Waldir Périco
Abílio da Costa-Rosa
Maico Fernando Costa
José Sterza Justo
Rita de Cássia dos Santos Canabarro
Marta Regina de Leão D’Agord
Fernanda Arioli Heck
Liliane Seide Froemming
Marisa Terezinha Garcia de Oliveira
Ana Isaura Benfica Teixeira
Cynthia Pereira de Medeiros
Suely Alencar Rocha de Holanda
Elza Maria do Socorro Dutra
Cynthia Pereira de Medeiros
Cynara Teixeira Ribeiro
Em “Os complexos familiares na formação do indivíduo”, Lacan (1938) formula que o destino psicológico da criança depende da relação que esta estabelece entre si e suas imagens parentais. Partindo deste pressuposto, a constelação familiar exerceria uma função causal no complexo nodal das neuroses, em sua gênese, a partir do próprio complexo de Édipo. Segundo Prado (2009), a história de cada neurose se reporta à pré-história do sujeito, à trama que envolveu e estruturou as relações de seus pais, e que ressoará na história que o sujeito construirá.
O modelo introduzido por Freud se ancorou, desde sempre, na construção, feita pelo sujeito, de um saber mitológico para se haver com a trama edípica. O mito é, portanto, a trama que aponta um enunciamento do impossível de se dizer sobre o desencontro da relação sexual, através do qual a criança se debruçará formulando teorias sobre a sua concepção. Entretanto, há a impossibilidade de equivaler à cópula dos pais a cópula de significantes (Fernandes, 2006). Neste sentido, deste mito se herda o valor patogênico atribuído às neuroses, uma vez que a inscrição fálica do pai não pode transmitir o que se passa na relação sexual.
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